“A desordem que ficou” (“El desorden que dejas”), da Netflix, é a segunda atração da série “café amargo”.
Nos primeiros minutos, “A desordem que ficou” dá pistas de que a morte puxará o fio da narrativa. Logo na apresentação a personagem Rachel (Inma Cuesta) tem pesadelos angustiantes com o falecimento da mãe. Já a outra personagem principal, Viruca (Bárbara Lennie), cita um trecho de um poema de Sylvia Plath, que suicidou-se quando jovem:
“Morrer é uma arte, como tudo o mais.
Nisso sou excepcional.
Desse jeito faço parecer infernal.
Desse jeito faço parecer real.
Vão dizer que tenho vocação.”
As histórias de Viruca e Raquel se cruzam numa pequena cidade da Galícia, onde o clima é sempre cinza e chuvoso. Como uma boa cidade do interior, como nossa comunidade no Telegram, todos os personagens se conhecem e escondem segredos. Mas, conforme a trama vai avançando, uma lupa é colocada na história de cada um.
Após uma tragédia que é o grande mistério de “A desordem que ficou” as perguntas:” o que aconteceu?” e “quem é o culpado?” permeiam os episódios. São duas cronologias intercaladas, mas que são bem marcadas e não confundem o espectador. Como um bom suspense, a cada hora você acha que uma pessoa é a culpada e responsável pelo crime.
Os cenários, a cenografia e fotografia são excelentes, mas a produção sofre com alguns excessos com cenas de suspense que não resultam em nada. Mas é uma série que prende a atenção e faz querer embarcar nessa maratona nada açucarada. “A desordem que ficou” não tem doçura nenhuma e é como um gin sem gelo e sem tônica que uma das personagens bebe: é pra descer queimando.
Ouça na íntegra na edição 91 do #PrimeiroCafe