Recentemente o jornal da Igreja Universal publicou um texto que dizia que era impossível ser cristão de esquerda.
A publicação no jornal gratuito da igreja do Bispo Macedo é só a ponta do iceberg da desinformação com teor religioso que já começou a inundar as redes sociais e os aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram.
Ainda faltam meses para a eleição, mas a máquina bolsonarista de fake news já está trabalhando a todo o vapor. Reportagem desta semana da Folha mostra que Lula e Moro são os alvos preferenciais, o que deixa evidente quem está por trás das mentiras. E as fake news envolvendo políticos, algumas recicladas de 2018, miram principalmente o público religioso. Um reflexo das pesquisas recentes que mostraram que Bolsonaro já perde parte do eleitorado evangélico. Em pesquisa recente do site Poder 360, Lula e Bolsonaro aparecem tecnicamente empatados nesse grupo de eleitores.
Um portal de mentiras tem como manchete “homem faz tatuagem no ânus em protesto a Bolsonaro”. Os exemplos vão além do grotesco com intenção de chocar, mas mantêm um padrão de tema moral, conservador ou religioso. Ontem mesmo a Revista Fórum constatou que circulou em grupos de WhatsApp bolsonaristas um tuíte falsamente atribuído ao ex-presidente Lula em defesa da ação do vereador Renato Freitas, que liderou uma manifestação dentro de uma igreja em Curitiba. O texto grosseiro simula o ex-presidente dizendo que vai cobrar impostos das igrejas e obrigá-las a casar casais gays.
Também foi reciclada a já famosa fake news envolvendo o padre Marcelo Rossi. Voltou a circular uma mensagem de áudio com críticas à esquerda atribuídas ao padre Marcelo Rossi, que surgiu em 2018 e já foi desmentida até pelo próprio. O Portal G1, através da agência de checagem “É fato ou fake”, descobriu que o áudio, na verdade, foi gravado por um líder da igreja evangélica Bola de Neve.
Também voltou a circular um vídeo que mostra um guia turístico dizendo que o Lula se recusou deixar flores em homenagem às vítimas do Holocausto quando visitou Israel, e que isso teria causado um incidente diplomático. A informação analisada pela agência Lupa é falsa. Diferente do que afirma o homem na gravação, o ex-presidente Lula viajou para Israel e prestou homenagem às vítimas do Holocausto, deixando uma coroa de flores em um museu israelense. A viagem aconteceu em 2010, durante o último ano de governo do petista.