#270 O agro que é tóxico está na sua mesa

O agro está cada vez mais tóxico e provavelmente, se você frequenta grandes redes de supermercados, já está na sua mesa.

Segundo reportagem da Agência Pública e da Repórter Brasil o Carrefour tem sido alvo de ações na Justiça sob a acusação de vender produtos com agrotóxicos proibidos ou acima do permitido pelas regras brasileiras. Essa situação se repete em ao menos três estados: Bahia, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte.  

Recentemente, a bancada do boi da Câmara dos Deputados conseguiu desenterrar e aprovar um projeto que torna mais fácil a liberação de agrotóxicos no país. Para especialistas e ambientalistas, o projeto, apelidado de “Pacote do Veneno”, traz muitos retrocessos. Estes são alguns dos pontos mais polêmicos destacados pelo portal O Eco:

  • O PL viabiliza o registro de agrotóxicos comprovadamente nocivos e cancerígenos, ao excluir vedação nesse sentido contida na legislação atualmente em vigor.
  • Transfere o poder de decisão sobre a aprovação de um novo agrotóxico – antes feito pelo Ministério da Agricultura, Ministério do Meio Ambiente e Anvisa – somente para a pasta da Agricultura
  • Muda o termo “agrotóxico” para “pesticida”.
  • O projeto também inclui conferir, sem avaliação interna, Registro Especial Temporário (RET) e Avaliação Especial temporária (AP) para pesticidas que não forem analisados dentro do prazo estabelecido pela nova lei, 
  • Remove a autonomia dos órgãos de saúde para publicar análises sobre agrotóxicos em alimentos.

A aprovação de agrotóxicos no Brasil vem crescendo desde 2016, mas teve um salto durante o governo Bolsonaro. Somente nos últimos três anos, foram feitos 1.529 novos registros, 562 em 2021. O total de pesticidas aprovados por Bolsonaro representa 33% dos registros feitos no país desde 2000.
 

CONSEQUÊNCIAS NA VIDA
E os reflexos desse verdadeiro descontrole do veneno já aparecem. Na reserva indígena de Dourados, no Mato Grosso do Sul, os indígenas estão cada vez mais vulneráveis ao contato com os agrotóxicos, usados de maneira desenfreada pelos agricultores que plantam suas lavouras perto das residências. Indígenas, incluindo crianças, denunciam que após a aplicação de defensivos agrícolas o produto chega até as aldeias Jaguapiru e Bororó.

O glifosato é o agrotóxico mais popular do Brasil e está associado à morte de 503 crianças por ano. Ele representa 62% do total dos agrotóxicos e é usado principalmente nas lavouras de soja. Um estudo realizado por pesquisadores das universidades de Princeton, FGV (Fundação Getúlio Vargas) e Insper revela que a disseminação do glifosato nas lavouras de soja levou a uma alta de 5% na mortalidade infantil em municípios do Sul e Centro-Oeste que recebem água de regiões produtoras de soja. Isso representa um total de 503 mortes infantis a mais por ano associadas ao uso do glifosato na agricultura de soja. 
 

CONSEQUÊNCIAS NAS OUTRAS CULTURAS
Os agrotóxicos das grandes lavouras também prejudicam outras culturas. No Rio Grande do Sul, segundo a Associação dos Produtores de Vinho Finos da Campanha Gaúcha, os agrotóxicos usados em lavouras de soja causaram perda de 15% da produção de uvas. Segundo os produtores, o agrotóxico é levado pelo vento, “viaja” até 30 quilômetros e causa prejuízos milionários em culturas sensíveis, como uvas, maçãs, oliveiras e outras frutíferas. Em 2021, também no Rio Grande do Sul, o Globo Rural mostrou que um agrotóxico causou a morte de 77% das colmeias de abelhas do Estado. O Brasil é o destino de mais da metade dos registros de exportações da União Europeia de agrotóxicos proibidos na Europa e associados à morte de abelhas. 
 

CAMPANHA CHEGA DE AGROTÓXICOS
Agora, o Pacote do Veneno se junta aos PLs da Grilagem e do (fim) do Licenciamento no Senado. Com isso, estará nas mãos do presidente da casa, Rodrigo Pacheco, o poder de barrar mais esse retrocesso. Mais de 300 organizações e quase dois milhões de brasileiros que já disseram: Chega de Agrotóxicos! https://www.chegadeagrotoxicos.org.br/

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